Nariz vermelho, tinta escorrendo, vestida de trapo, eu sou uma palhaça. Batendo palminhas, dando cambalhota lá vou eu cambaleando pelas ruas, tropeçando nos meus próprios pés, batendo em toda a gente que passa, com um ar de bêbada ingênua querendo falar de arte.
Eu não falo de arte.
Eu não falo de nada.
Eu cogito coisinhas.
Eu me levanto da cadeira, cheia de opinião e frases feitas (mesmo que por mim, mas feitas), falo alto e gesticulo por justiça querendo passar para o povo os verdadeiros valores.
Que povo?
Me falta ditadura.
Me falta postura.
Me falta realidade e gentileza.
Eu preciso de um banco de praça numa noite enluarada e uma boa amaciada nessa personalidade que pelo amor de Deus! Tem um certo exagero.
Às vezes parece que não tem nada pra fazer neste mundo...sei lá.